5 de dezembro de 2013

Tudo em excesso faz mal?

As verdades da sabedoria popular (o mundo como ele é).

Tudo em excesso faz mal. Por isso:

Ao excesso de paz, devemos estimular algumas guerras de tempos em tempos;

Ao excesso de amor, devemos estimular um pouco de ódio;

Ao excesso de justiça, devemos estimular um pouco de injustiça;

Ao excesso de felicidade, devemos estimular momentos tristes;

Ao excesso de carinho, devemos estimular um pouco de agressão;

Ao excesso de tolerância racial, devemos estimular um pouco de racismo;

Ao excesso de tolerância étnica, devemos estimular um pouco de xenofobia;

Ao excesso de paz social, um pouco de crimes violentos;

Ao excesso de saúde, devemos estimular um pouco de doença;

Ao excesso de bem-estar, devemos estimular um pouco de mal-estar;

Ao excesso de compaixão, devemos estimular um pouco a dureza no coração e a implacabilidade;

Ao excesso de retidão de caráter, devemos estimular um pouco de falta de caráter;

Ao excesso de sabedoria, devemos estimular um pouco de estupidez e ignorância;

Ao excesso de boas obras, devemos estimular um pouco as obras destrutivas;

Ao excesso de razoabilidade, devemos estimular um pouco de atitudes não razoáveis;

Ao excesso de qualidade, um pouco de coisas mal feitas;

Ao excesso de acertos, devemos estimular o erro (especialmente em matéria de procedimentos médicos);

Ao excesso de qualidade de ensino, um pouco de displicência dos professores e estudantes;

Ao excesso de prudência, devemos estimular um pouco de irresponsabilidade (especialmente de motoristas e pilotos de avião);

Ao excesso de generosidade, devemos estimular a avareza;

Ao excesso de compreensão e fraternidade, devemos estimular a discórdia e as brigas;

Ao excesso de respeito ao próximo, devemos estimular um certo desrespeito e desprezo;

Ao excesso de ajuda aos necessitados, um pouco de apatia e indiferença;

Ao excesso de ética, devemos estimular um pouco de atitudes antiéticas.


Fazendo tudo isso, certamente teremos um mundo melhor (mas não excessivamente melhor, pois assim como está já está bom, não bom em excesso).

Ainda bem que temos o comprometimento ético de passar adiante esse tipo de informação aos que nos rodeiam.





P.S.: Acho que esqueci o excesso de dignidade, a ausência de dor/sofrimento, o respeito aos idosos, respeito aos enfermos e aos que passam por tragédias pessoais, etc...

Relativizar tudo dá muito trabalho, mas, se tudo é relativo, vou continuar tentando...
"Quem matou o artista? Há assim várias hipóteses. E também vários suspeitos. Foi o martelo do operário? Ou foi apenas um acidente de trabalho? Foi a caneta do burocrata? Ou se intoxicou com a tinta dos carimbos? Ou foi o giz da sala de aula? Foi uma bala perdida? Ou ela era direcionada? Ou talvez tenha morrido de fome, para aumentar os lucros dos investidores?


O artista morreu, mas se recusa a ser enterrado
Levanta-se do caixão e corre desatinado
Nu pelos campos
Causando espanto entre as velhas senhoras da sociedade
As pessoas se espantam e gritam
E os senhores engravatados se reúnem:
O artista só faz perturbar a ordem!
E isso não é bom para os negócios
Quem vai conseguir enterrar o artista
e conseguir enfim estabelecer a ordem no mundo?

O artista tem o peito aberto
Por onde escorrem-lhe as entranhas
É agora um zumbi, um verme, um corvo
Transformando o podre em nova vida
E produz mau cheiro
Chafurda a morte
Tem um vômito ácido
Mas toma um Sonrisal® e segue em frente

Já não tem fígado ou pulmão
E o coração está em pedaços
E ainda assim, de suas tripas espalhadas,
Constrói sua obra-prima"


(Paulo A.C.B.Jr)